O poeta Zé da Luz, escreveu uma poesia, porque disseram pra ele que, pra falar de amor, seria necessário um português correto e tal. Então ele escreveu essa poesia:
AÍ SE SESSE
Se um dia nós se gostasse
Se um dia nós se queresse
Se nós dois se empariasse
Se juntin nós dois vivesse
Se juntin nós dois morasse
Se juntin nós dois durmisse
Se juntin nós dois morresse.
Se pro céu nós assubisse
Mas, porém se acontecesse
De São Pedro num abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer qualquer tolice?
E se eu me arriminasse
E tu com eu insistisse
Pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse.
Tarvez que nós dois ficasse
Tarvez que nós dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virgens todas fugisse.
É maravilhoso saber que, a descoberta do amor e a expressão de todos os sentimentos, não estão relacionados ao muito saber erudito, acadêmico, teológico ou psicológico.
Pois, imagine se, para amar, o sujeito tivesse que ir encontrá-lo nos livros?
Sinceramente, preferia ter nascido cego e sem dedos. Pois só assim não enxergaria a chatice que isso seria.
Diante dessa explosão de sensibilidade e naturalidade do Zé da Luz, somos obrigados a nos rendermos ao acalanto eterno da beleza de Deus, que em meio aos néscios e analfabetos, faz brotar toda sua riqueza na forma da arte escrita.
E agora, o esplendor das palavras, nos faz saber que podemos amar sem fronteiras de sabedoria, sem barreiras de conhecimento e sem muros de repressão, podemos amar com o que de mais natural seja em nós: nós mesmos.
“E saber que já há algum tempo, pra pensar sobre Deus, não leio mais os teólogos, leio os poetas“.
Douglas Elle
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