(que não quer ser gente grande...)
O
crescimento faz parte do ciclo da vida. É natural do ser que nasce,
alcançar uma estatura mais consistente e estruturada. E com o passar dos
anos, de acordo com as fases experimentais desse ciclo, o indivíduo
adquiri novas informações, novos conhecimentos, novas descobertas, que
são aplicadas durante a viagem no período da existência.
Mas,
nesse pouco tempo de vida, tenho visto um “efeito borboleta inverso”,
pois ao invés de arrebentarem com o casulo, as pessoas estão se
revestindo deles cada vez mais. E sob um pretexto de segurança
individual, se veste com as várias capas, que são apresentadas com as
mais belas e magníficas pinturas, pois elas tem medo de serem vistas
como realmente são e a partir desta descoberta, vir à tona todas as suas
imperfeições e defeitos de fábrica.
Portanto, se pra crescer eu tenho que viver nos moldes dessa vida carcerária, tomei uma decisão de que “não quero ser gente grande “.
Não
quero ser gente grande. Se quando for gente grande, eu ter que comprar a
satisfação dos meus prazeres nas esquinas das cidades.
Não
quero ser gente grande. Se pra ser gente grande, eu tenha que me
adaptar aos padrões estabelecidos, só pra fazer parte da galera.
Não
quero ser adulto. Se pra ser adulto, eu ter que jogar fora as minhas
maiores amizades e os meus melhores amores, sob um pretexto vazio de
agir apenas pela razão.
Prefiro
não ser adulto. Se quando for adulto, não puder mais brincar de “bola
de gude” ou de “boca de forno” com as crianças, simplesmente por acharem
que não sou ainda maduro suficiente.
Prefiro
não crescer. Se quando estiver grande, pra alcançar os meus alvos, eu
ter que subir as escadas feita pelos corações machucados dos meus
semelhantes.
Prefiro não crescer. Se quando eu crescer, ter que acreditar numa religião que reprimi todos os meus desejos e vontades.
Não
quero deixar de ser criança. Se pra deixar de ser criança, eu tenho
quer entender que o conhecimento de Deus se limita apenas a um livro de
capa preta de nome “Bíblia Sagrada”.
Não
quero crescer. Se no meu crescimento, aprender que existe um Deus que é
totalmente amor e que esse mesmo Deus tem um lugar de tormento eterno
pra aqueles que não obedecerem às regras.
Não
quero crescer. Se quando crescer, eu não puder usar um crucifixo
pendurado em meu pescoço, simplesmente por dizerem que estou adorando
imagens.
Não
quero ser mais adulto. Se quando for adulto e me converter a uma
religião, eu ter que abandonar todas as minhas amizades verdadeiras,
simplesmente por eles não fazer parte do meu mundo e por eu “não ser
mais do mundo”.
Não
quero crescer. Se quando crescer, eu tenha que deixar de ser eu, pra me
vestir de personagens que correspondam às expectativas dos outros.
Não quero crescer. Se crescer significa ser um erudito de conhecimento, mas em contra partida ser um analfabeto nas ações.
Não
quero deixar de ser criança. Se deixar de ser criança, significa não
reconhecer os meus erros e fraquezas, apenas por carregar dentro de mim a
certeza de que sou irrepreensível.
Por
essas e outras coisas, tomei minha firme decisão de não querer ser
gente grande. Pois ouvi dizer que, gente grande não é mais criança. E
quem não é mais criança, não consegue enxergar a beleza das coisas como
elas são.
Deus é beleza.
E descobri que só as crianças enxergam a beleza nas coisas ao seu redor.
Por
DOUGLAS ELLE
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