quinta-feira, 7 de abril de 2011

SEM ARMAS





            No dia 1º de Janeiro de 2006, quando servia nas fileiras das Forças Armadas da FAB, estava em um serviço externo, junto com outros dois companheiros, fazendo a segurança de um dos clubes da Aeronáutica.
            Quando por volta das 23:30hs, fomos surpreendidos por um meliante que haveria pulado o muro do clube e que certamente não queria apenas conversar conosco. Sem pensar duas vezes, após adverti-lo de seu erro, efetuei alguns disparos de arma de grosso calibre em direção ao dito-cujo, que fugiu em desordenada carreira. Dessa forma a “paz” foi novamente reestabelecida após a comunicação do ocorrido aos meus superiores.
           
Pois, bem!
           
Essa história me veio à lembrança, após ter percebido que, a minha zona de conforto e proteção, teria sido ocupada pelas pessoas na qual convivo no dia-a-dia, após ter adotado um novo estilo, a saber: o uso de um “acessório”. E por esse fato, fui fustigado, ameaçado, mau visto.
           
Em comparação com a história citada acima, percebi que a primeira reação que me veio à mente, foi a de efetuar vários disparos em direção a essas pessoas que estavam invadindo o meu território, apenas com a pretensão de tentar reestabelecer a “paz”, que outrora teria sido retirada de mim.
           
Mas, a diferença é que esses disparos, seriam efetuados não por armas de fogo, como fuzis ou metralhadoras, mas por uma arma muito mais poderosa: o coração.
           
Em conversa comigo mesmo, entendi que essa não era a resposta natural do meu ser e sim algo que me foi ensinado. Pois assim como em Quartéis Generais, somos todos os dias ensinados a combater e defender com unhas e dentes o nosso patrimônio, a nossa zona, o nosso território, pois aprendemos que se alguém tentar invadi-lo, devemos reagir com a maior pré-disposição à defesa possível.
           
E o meu desejo era de atacar, de combater, de exterminar os meus supostos inimigos que tanto me afrontavam.
           
Mas, e o amor ao próximo?
            Não! Não! Não!
            Não existe amor ao próximo quando, o motivo da guerra é a luta pelo meu próprio interesse.
           
-E qual o motivo da luta, então? Perguntou o meu instinto devorador.
           
-É tentar conseguir o “ 70 vezes 7 ”. Respondeu a minha beleza interna.
            Um exército diferente nós lutamos, mas não usamos armas. Disse.
           
- É possível uma guerra sem armas? Insistiu o instinto.
           
-Sim. Sem armas, sem paus, sem pedras, sem fogo. Pois a luta que nós travamos, é dentro de nós mesmos. Logo, se usarmos armas, paus, pedras e fogo, estaremos nos auto destruindo.

Após esse diálogo interno, compreendi o sentido do “ 70 vezes 7 “. Sabendo que esse conhecimento não viria à tona se não o estivesse experimentado. Pois, quando o verbo se faz carne dentro de nós, todas as armas são destruídas e substituídas por um objeto muito mais potente e eficaz.

Portanto, viva “ sem armas “, e deixe que o “ 70 vezes 7 “ cresça dentro de você.

“ E saber que já há algum tempo, pra compreender Deus, não tenho estudado a bíblia, tenho estudado o meu coração “.

Douglas Elle

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