No dia 1º de Janeiro de 2006, quando servia nas fileiras das Forças Armadas da FAB, estava em um serviço externo, junto com outros dois companheiros, fazendo a segurança de um dos clubes da Aeronáutica.
Quando por volta das 23:30hs, fomos surpreendidos por um meliante que haveria pulado o muro do clube e que certamente não queria apenas conversar conosco. Sem pensar duas vezes, após adverti-lo de seu erro, efetuei alguns disparos de arma de grosso calibre em direção ao dito-cujo, que fugiu em desordenada carreira. Dessa forma a “paz” foi novamente reestabelecida após a comunicação do ocorrido aos meus superiores.
Pois, bem!
Essa história me veio à lembrança, após ter percebido que, a minha zona de conforto e proteção, teria sido ocupada pelas pessoas na qual convivo no dia-a-dia, após ter adotado um novo estilo, a saber: o uso de um “acessório”. E por esse fato, fui fustigado, ameaçado, mau visto.
Em comparação com a história citada acima, percebi que a primeira reação que me veio à mente, foi a de efetuar vários disparos em direção a essas pessoas que estavam invadindo o meu território, apenas com a pretensão de tentar reestabelecer a “paz”, que outrora teria sido retirada de mim.
Mas, a diferença é que esses disparos, seriam efetuados não por armas de fogo, como fuzis ou metralhadoras, mas por uma arma muito mais poderosa: o coração.
Em conversa comigo mesmo, entendi que essa não era a resposta natural do meu ser e sim algo que me foi ensinado. Pois assim como em Quartéis Generais, somos todos os dias ensinados a combater e defender com unhas e dentes o nosso patrimônio, a nossa zona, o nosso território, pois aprendemos que se alguém tentar invadi-lo, devemos reagir com a maior pré-disposição à defesa possível.
E o meu desejo era de atacar, de combater, de exterminar os meus supostos inimigos que tanto me afrontavam.
Mas, e o amor ao próximo?
Não! Não! Não!
Não existe amor ao próximo quando, o motivo da guerra é a luta pelo meu próprio interesse.
-E qual o motivo da luta, então? Perguntou o meu instinto devorador.
-É tentar conseguir o “ 70 vezes 7 ”. Respondeu a minha beleza interna.
Um exército diferente nós lutamos, mas não usamos armas. Disse.
- É possível uma guerra sem armas? Insistiu o instinto.
-Sim. Sem armas, sem paus, sem pedras, sem fogo. Pois a luta que nós travamos, é dentro de nós mesmos. Logo, se usarmos armas, paus, pedras e fogo, estaremos nos auto destruindo.
Após esse diálogo interno, compreendi o sentido do “ 70 vezes 7 “. Sabendo que esse conhecimento não viria à tona se não o estivesse experimentado. Pois, quando o verbo se faz carne dentro de nós, todas as armas são destruídas e substituídas por um objeto muito mais potente e eficaz.
Portanto, viva “ sem armas “, e deixe que o “ 70 vezes 7 “ cresça dentro de você.
“ E saber que já há algum tempo, pra compreender Deus, não tenho estudado a bíblia, tenho estudado o meu coração “.
Douglas Elle