Como é duro e amargo o nosso amadurecer, quando isso requer uma dose de coragem em tomar algumas decisões.
O peito aperta, a alma treme, o suor escorre pelas mãos, a voz falha, o pensar não se aquieta, as conseqüências futuras se tornam o agora, e a aflição nos aperta tão forte com seus enormes braços, que nem conseguimos nos mover para uma ação.
A decisão a ser tomada, me causa arrepios Senhor. Me deixa suspenso em meus afazeres e me arrasta para o túnel escuro da angústia.
Enquanto não te conhecia, Senhor, e vivia no submundo dos meus próprios desejos e prazeres, nunca houvera experimentado tamanha luta, tamanho afronte, mas agora que te sirvo, sou tomado constantemente e sem intervalos por dores na alma, que transformam o meu estado de ser homem. Falo como homem que sou, sem humanismo.
Isso se dá, pela propaganda enganosa que fazem de ti Senhor, e na minha total ingenuidade e hedonismo, acreditei nesse caminho frouxo, utópico, barato, vendido à preço de banana pelos profissionais da religião.
Semelhante ao teu servo Jó, o que eu menos desejava que me acontecesse, veio a tona na minha vida. Por isso que desabafo em lágrimas a minha dor diante de ti, Pai, pois só em ti eu encontro a liberdade de não poder esconder a naturalidade das minhas dores e necessidades.
Obrigado Senhor, por nesses instantes tu ser totalmente ouvidos para minha tagarelice consciente, por tu ser o aparador dos meus vômitos, que só fazem te sujar.
Quão fraco e frouxo me enxergo nos momentos onde deveria ser forte. Um homem que a pouco, se vira como um gigante diante das teorias relatadas por si mesmo, mas em face do absurdo que me acomete, me torno um trapo de medo e de temor.
Como um ramo da videira, acredito que chegou o momento da poda. Peço-te Senhor, um leve sopro do teu Espírito, para amenizar o ardor dos cortes. Sim, Pai, pois sei que haverá amputações nos membros da minha memória.
Enquanto isso Senhor, ponho-me de joelhos em cima do chão lavados por lágrimas, sabendo que em breve o teu manto me enxugará por inteiro...
DOUGLAS ELLE