quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CONFISSÕES DE UM RECÉM NASCIDO




(que não quer ser gente grande...)

O crescimento faz parte do ciclo da vida. É natural do ser que nasce, alcançar uma estatura mais consistente e estruturada. E com o passar dos anos, de acordo com as fases experimentais desse ciclo, o indivíduo adquiri novas informações, novos conhecimentos, novas descobertas, que são aplicadas durante a viagem no período da existência.
Mas, nesse pouco tempo de vida, tenho visto um “efeito borboleta inverso”, pois ao invés de arrebentarem com o casulo, as pessoas estão se revestindo deles cada vez mais. E sob um pretexto de segurança individual, se veste com as várias capas, que são apresentadas com as mais belas e magníficas pinturas, pois elas tem medo de serem vistas como realmente são e a partir desta descoberta, vir à tona todas as suas imperfeições e defeitos de fábrica.

Portanto, se pra crescer eu tenho que viver nos moldes dessa vida carcerária, tomei uma decisão de que “não quero ser gente grande “.  

Não quero ser gente grande. Se quando for gente grande, eu ter que comprar a satisfação dos meus prazeres nas esquinas das cidades.

Não quero ser gente grande. Se pra ser gente grande, eu tenha que me adaptar aos padrões estabelecidos, só pra fazer parte da galera.

Não quero ser adulto. Se pra ser adulto, eu ter que jogar fora as minhas maiores amizades e os meus melhores amores, sob um pretexto vazio de agir apenas pela razão.

Prefiro não ser adulto. Se quando for adulto, não puder mais brincar de “bola de gude” ou de “boca de forno” com as crianças, simplesmente por acharem que não sou ainda maduro suficiente.

Prefiro não crescer. Se quando estiver grande, pra alcançar os meus alvos, eu ter que subir as escadas feita pelos corações machucados dos meus semelhantes.

Prefiro não crescer. Se quando eu crescer, ter que acreditar numa religião que reprimi todos os meus desejos e vontades.

Não quero deixar de ser criança. Se pra deixar de ser criança, eu tenho quer entender que o conhecimento de Deus se limita apenas a um livro de capa preta de nome “Bíblia Sagrada”.

Não quero crescer. Se no meu crescimento, aprender que existe um Deus que é totalmente amor e que esse mesmo Deus tem um lugar de tormento eterno pra aqueles que não obedecerem às regras.

Não quero crescer. Se quando crescer, eu não puder usar um crucifixo pendurado em meu pescoço, simplesmente por dizerem que estou adorando imagens.

Não quero ser mais adulto. Se quando for adulto e me converter a uma religião, eu ter que abandonar todas as minhas amizades verdadeiras, simplesmente por eles não fazer parte do meu mundo e por eu “não ser mais do mundo”.

Não quero crescer. Se quando crescer, eu tenha que deixar de ser eu, pra me vestir de personagens que correspondam às expectativas dos outros.
Não quero crescer. Se crescer significa ser um erudito de conhecimento, mas em contra partida ser um analfabeto nas ações.

Não quero deixar de ser criança. Se deixar de ser criança, significa não reconhecer os meus erros e fraquezas, apenas por carregar dentro de mim a certeza de que sou irrepreensível.

Por essas e outras coisas, tomei minha firme decisão de não querer ser gente grande. Pois ouvi dizer que, gente grande não é mais criança. E quem não é mais criança, não consegue enxergar a beleza das coisas como elas são.

Deus é beleza.
E descobri que só as crianças enxergam a beleza nas coisas ao seu redor.

Por
DOUGLAS ELLE

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