sexta-feira, 23 de novembro de 2012

GOIABAS ROUBADAS




Eu também tenho mais perguntas do que respostas. Mas das respostas já não faço questão. Madame Guyon disse que “se as respostas às perguntas da vida são absolutamente necessárias para você, então esqueça a viagem. Você nunca chegará lá, pois esta é uma viagem de incógnitas, de perguntas sem resposta, de enigmas, de coisas incompreensíveis e, principalmente, injustas”. Andamos por fé. A fé não tem a ver com certezas, mas com confiança. Confiança em Deus, seu caráter justo, amoroso e bom. Jesus também fez uma pergunta e não obteve resposta. O que lhe doía não era a a falta de explicações, mas o desamparo. No dia da tragédia não precisamos de respostas, precisamos de alguém. Deus é suficiente para compreender nossa perplexidade, assumir posição de réu sob nossas dúvidas, e sofrer o peso da nossa dor. Assim creram os antigos: Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação, pois nem a morte, pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Eu também choro. Sei que a vida continua, que não posso ficar preso ao passado, que devo levantar a cabeça e seguir em frente, que tenho ainda minha própria vida para viver… Mas antes preciso chorar. Preciso acolher meu sofrimento, dar a ele boas vindas, permitir que a tragédia faça seu caminho até o mais profundo do meu coração, fazer com que a dor traga de volta lembranças abafadas pela correria da vida, promova arrependimentos, desperte sonhos adormecidos, traga para a luz memórias de afeto e alegria. Assim posso purgar tudo isso sem medo, vencer a escuridão com a coragem de chorar. Oferecer minhas lágrimas como a mais legítima das orações e o meu pranto como o mais sublime tributo de amor. Jesus também chorou diante da morte. Deus é suficiente para nos outorgar perdão, redimir palavras e gestos, recolher as palavras e gestos que jamais deveriam ter ganho concreção, e dar destino ao que ficou por dizer e fazer. Deus é bom e sabe amar, capaz de enxugar nossas lágrimas e dar sentido e significado ao nosso sofrimento. Assim creram os antigos: a tribulação produz.

Eu também fico indignado. Também não me conformo com os desmandos de um país que agoniza sob incompetências, negligências, imperícias, imprudências, e, principalmente, a corrupção sistêmica e a injustificada impunidade. Mas não vou permitir que isso me torne cínico e cético. Vou dar mais ouvidos aos idealistas, me agarrar às forças das utopias, me deixar levar nas asas da esperança. Vou arregaçar as mangas, arar a terra e semear o solo regado com o sangue dos justos e inocentes. Vou repartir como meu próximo os frutos do meu sofrimento, compartilhar o labor com tantos irmãos que ainda não se curvaram diante da mediocridade, não se deixaram vencer pelas forças das trevas, e não se intimidaram face aos promotores e mantenedores da morte. Jesus também sofreu, e não desistiu. Jesus também morreu. E sua ressurreição é não apenas convocação para a luta, mas garantia de vitória.
Assim creram os antigos: eu sei que meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra!


 Goiabas Roubadas não se assinam...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CONFISSÕES DE UM RECÉM NASCIDO




(que não quer ser gente grande...)

O crescimento faz parte do ciclo da vida. É natural do ser que nasce, alcançar uma estatura mais consistente e estruturada. E com o passar dos anos, de acordo com as fases experimentais desse ciclo, o indivíduo adquiri novas informações, novos conhecimentos, novas descobertas, que são aplicadas durante a viagem no período da existência.
Mas, nesse pouco tempo de vida, tenho visto um “efeito borboleta inverso”, pois ao invés de arrebentarem com o casulo, as pessoas estão se revestindo deles cada vez mais. E sob um pretexto de segurança individual, se veste com as várias capas, que são apresentadas com as mais belas e magníficas pinturas, pois elas tem medo de serem vistas como realmente são e a partir desta descoberta, vir à tona todas as suas imperfeições e defeitos de fábrica.

Portanto, se pra crescer eu tenho que viver nos moldes dessa vida carcerária, tomei uma decisão de que “não quero ser gente grande “.  

Não quero ser gente grande. Se quando for gente grande, eu ter que comprar a satisfação dos meus prazeres nas esquinas das cidades.

Não quero ser gente grande. Se pra ser gente grande, eu tenha que me adaptar aos padrões estabelecidos, só pra fazer parte da galera.

Não quero ser adulto. Se pra ser adulto, eu ter que jogar fora as minhas maiores amizades e os meus melhores amores, sob um pretexto vazio de agir apenas pela razão.

Prefiro não ser adulto. Se quando for adulto, não puder mais brincar de “bola de gude” ou de “boca de forno” com as crianças, simplesmente por acharem que não sou ainda maduro suficiente.

Prefiro não crescer. Se quando estiver grande, pra alcançar os meus alvos, eu ter que subir as escadas feita pelos corações machucados dos meus semelhantes.

Prefiro não crescer. Se quando eu crescer, ter que acreditar numa religião que reprimi todos os meus desejos e vontades.

Não quero deixar de ser criança. Se pra deixar de ser criança, eu tenho quer entender que o conhecimento de Deus se limita apenas a um livro de capa preta de nome “Bíblia Sagrada”.

Não quero crescer. Se no meu crescimento, aprender que existe um Deus que é totalmente amor e que esse mesmo Deus tem um lugar de tormento eterno pra aqueles que não obedecerem às regras.

Não quero crescer. Se quando crescer, eu não puder usar um crucifixo pendurado em meu pescoço, simplesmente por dizerem que estou adorando imagens.

Não quero ser mais adulto. Se quando for adulto e me converter a uma religião, eu ter que abandonar todas as minhas amizades verdadeiras, simplesmente por eles não fazer parte do meu mundo e por eu “não ser mais do mundo”.

Não quero crescer. Se quando crescer, eu tenha que deixar de ser eu, pra me vestir de personagens que correspondam às expectativas dos outros.
Não quero crescer. Se crescer significa ser um erudito de conhecimento, mas em contra partida ser um analfabeto nas ações.

Não quero deixar de ser criança. Se deixar de ser criança, significa não reconhecer os meus erros e fraquezas, apenas por carregar dentro de mim a certeza de que sou irrepreensível.

Por essas e outras coisas, tomei minha firme decisão de não querer ser gente grande. Pois ouvi dizer que, gente grande não é mais criança. E quem não é mais criança, não consegue enxergar a beleza das coisas como elas são.

Deus é beleza.
E descobri que só as crianças enxergam a beleza nas coisas ao seu redor.

Por
DOUGLAS ELLE

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

COMAMOS E BEBAMOS, QUE AMANHÃ ESTAREMOS OFFLINE




Tirar todas as suas dúvidas (e substituir por dúvidas novas) é o objetivo primo e máximo da nossa comunidade cristã. 

Já pensou nisso??? 

Travam lutas incessantes a respeito de céu e inferno, de como os homens farão ou quantos e como irão para um ou para outro lugar. 
Enquanto que o Mestre pede pra permanecermos santos enquanto vivos... 

Hora acredita-se que, uma tal de “graça” é a responsável pela ascensão do homem ao infinito particular, hora substituem pela “fé” ou pelas “obras”. 
Ao passo que o Cristo já fez tudo na cruz... 

Os mais bobos, abrem novas igrejas para difundirem as suas geniosas ideias e os desavisados investem nas suas teses contrárias. 
Enquanto que Jesus abraçou tudo e todos num gesto de amor... 

Diante de todas essas novas dúvidas, só me resta dizer: comamos e bebamos, que amanhã estaremos off-line!

Por
DOUGLAS ALVES

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