segunda-feira, 1 de agosto de 2011

AGOSTO


Se inicia o mês dos ventos.

Das rajadas tempestuosas e fortes dos sopros dos céus. Ou pode ser, para aqueles que vivem no litoral, um abanar das ondas do mar. Ou ainda, para os naturais do campo, um canto de ninar das árvores.
Os navegantes e amantes das profundezas do oceano, dizem ser o braço forte das velas e dos remos.
            O fato é que nesse período do mês de agosto, todos nós experimentamos a sensação gostosa da brisa que nos envolve e nos refresca em pleno sol do meio dia. Dizem que é o tempo das férias do calor do sol, onde ele, o astro rei do universo, descansa para o prazeroso trabalho que terá logo em seguida no verão.
            Tempo também dos voos planos dos Urubus, dos Bem-te-vis, que planam tão longamente que fogem do alcance da nossa visão.
    Das pipas nos céus, dos muitos carretéis que são descarregados. No meu tempo de garoto, isso tinha nome, era o “Batismo” das pipas, dos papagaios. Dizia-se, quando um carretel de linha era todo solto no ar, que estava “batizando o papagaio”.
Lembro-me dos Evangelhos, quando nos ensina sobre um vento forte, que às vezes é frio para alguns e tem um calor escaldante para outros e que até já se foi visto sobre forma de uma ave. Concordo com o Rubem Alves, quando perguntado se estava firme com Deus, respondeu: “de jeito nenhum. Deus é espírito, vento impetuoso que sopra em todo lugar. Quem está no vento não pode estar firme...Pois eu estou mais é como um urubu, lá nas alturas, flutuando ao sabor imprevisível do Vento sagrado”.
Assim como nos carretéis das pipas, prefiro ser totalmente descarregado de mim mesmo e ser levado a voar nas alturas dos céus, para ser batizado por esse vento forte e planar na imensidão do universo, do que ficar firme como uma rocha, parada, estéril, aguardando por uma pseudo força do além, esperando nascer assas nas minhas costas para alçar voo. 
Com um vento forte desses, nem é preciso de assas. É preciso apenas abrir os meus braços e deixar-se levar pelo sopro do mistério.

E pensar que já há algum tempo, para conhecer os três, não tenho feito três orações. Tenho voado!





DOUGLAS ELLE

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