sábado, 6 de agosto de 2011

SALMOS DE UM DISCÍPULO MARGINAL


Como dói o peso da cruz que carrego nos meus ombros, senhor.


Por um instante, penso que não irei suportar todo derramar de sangue e suor que escorre pelo meu corpo, deixando-me fraco, descontente, com a aparência de um pobre viciado, que já não mais consegue controlar o pulsar dos seus desejos.

Sou inteiramente dor. 
Os meus olhos já estão cansados de enxergar a latente e brutal covardia diante da verdade que me acomete e da mentira que prevalece ao redor de mim.

Não consigo sequer respirar fundo, pois o ar que entra pelas minhas fossas, corrói os meus pulmões já cansados da labuta infinita.
Ao meu lado estão aqueles que me chicoteiam com seus aguilhões de ódio e de rancor.

Não tenho como negar-te as questões Senhor, os porquês.

Toma Senhor, os pedaços do meu ser, pois estou totalmente em cacos, semelhante a uma taça de cristal puro, quando não suporta a pressão dos gritos ensurdecedores.

Não posso viver em face da mentira Senhor. Ela me destrói. Ela me consome.
Sinto-me impotente frente à maldade daqueles que diziam estar ao meu lado.
Eles negociaram e venderam a tua verdade, como um feirante prestes à findar o dia no comércio. Não se importando mais com o produto, apenas querendo desfazer-se dele e obter o lucro.

Definitivamente, não agüento mais Senhor.

Se estais a me provar, já sabias desde a eternidade que minha fé é semelhante a um castelo de cartas, basta um sopro teu.

Se queres me fortalecer, porque primeiro me quebras em pedaçinhos?

Perdoa-me Senhor, por não compreender os teus propósitos.

Mas dentro de mim o teu Espírito ainda há de soprar um vento de esperança...


            DOUGLAS ELLE

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